27.4.08
As falésias das vacas negras
26.4.08
Mais música em Paris
25.4.08
Diário de um louco de Gogol
Diário de um louco é uma novela de Gogol, escrita em 1835. Adaptada ao teatro e constantemente encenada, trata-se do relato dia após dia (com lacunas expressivas, interrupção da iluminação sobre cena) de um funcionário de ministério que vai enlouquecendo pouco a pouco. Surpreende uma conversa entre cães, diz ser o rei da Espanha, Fernando VIII (como o fará, a seu modo, o Quincas Borba de Machado de Assis). Levado ao manicômio, chega mesmo a desconfiar que os maus-tratos provenham de hábitos nacionais inusitados. Imagina-se, então, louco. Encenada com habilidade e realismo por Antony de Azevedo no Sudden Théâtre de Paris, nela há um momento particularmente interessante. É quando a personagem se põe a ler cartas entre dois cães, comentando-as. A ironia e um certo recuo lógico sobre a natureza da relação entre ambos, e de ambos com relação aos homens em geral, produzem um humor devastador. Fazem-me lembrar, num registro mais sofisticado, mas não menos irônico, o Cabinet noir de Max Jacob.
24.4.08
Llegan barcos a la costa trayendo frutos de afuera ou Ricardo Piglia em Madrid
Conheci Ricardo Piglia, mas isso é assunto para a posteridade. Foi em uma Semana de Autor dedicada a ele entre 14 e 19 de abril na Casa de América (programação e vídeos de todas as mesas de debate), também no dia 20 de abril no Centro de Arte Moderno. Os pontos altos foram a fala de Alan Pauls sobre a noção de “último”, ensaio iluminador, muito distante dos lugares comuns da crítica. Também a finalização das homenagens: exibição de um trecho da ópera La Ciudad ausente e execução dos Postangos, duas mostras rápidas mas incontestáveis de Gerardo Gandini de como se pode fazer música contemporânea que se presta ao desfrute! No Centro de Arte Moderno, o filme La Sonámbula (1998), dirigido por Fernando Spiner, com roteiro dele e de Piglia: memória sombria de 2010 com flashs poéticos de um passado recente, em diálogo com Laura, 1984 e com o futuro Minority Report de Spielberg. De tudo, entretanto, o que me fez muitas vezes sorrir e muitas vezes menear com a cabeça em gesto afirmativo foi a conferência magistral de Ricardo Piglia, “¿Qué será la literatura? Tres historias de infancia”. Apesar das três histórias, as duas, sobre as quais tanto insisti durante três anos, quando escrevi um estudo sobre sua obra, estavam ali, embora em ordem inversa. A segunda história, “la subterránea, la interminablemente heroica, la impar”, também, claro “la inconclusa”, foi exposta pelo Professor Ricardo Piglia, com direito a pausas e exemplos: “afinal, como a técnica pode responder qual será o futuro da literatura?” ou “por que a literatura, ao usar mal a técnica ou ao lutar contra o limite oferecido pela técnica, a torna tão produtiva?” Depois, a primeira história, chamada “Tres historias de infancia”; aparentemente simples, embora responsável por esconder a segunda, foi narrada por Piglia-Renzi, quase como uma lembrança infantil, despretensiosa e sincera.23.4.08
Regards critiques no Pompidou
Ciclismos
22.4.08
Nelson Freire na Salle Pleyel
21.4.08
Monicelli e as mulheres
A internet é divertida. Na busca pela imagem acima, eis um fórum italiano para mulheres e com ele uma lista de vários filmes "femininos": aqui.
19.4.08
A mesquita de Córdoba
18.4.08
Touros
16.4.08
O século XIX no Prado
Quadros antes fechados no Casón del Buen Retiro (em reforma desde 1997) e agora expostos nas novas e polêmicas dependências do Museu do Prado (ampliação realizada por Rafael Moneo). Por vezes com reflexos, por vezes dispostos inadequadamente (por exemplo, duas telas de grandes dimensões frente a frente e, portanto, obrigando os espectadores de uma a estarem necessariamente na frente dos observadores da outra), a exposição pretende um itinerário didático, de Goya a Sorolla. Parte-se do mais neoclássico (José de Madrazo, La muerte de Viriato), passa-se pelo Romantismo com motivos retirados da Idade Média ou ainda pelos retratos misteriosos, no limite do sensual (como na tela da Condesa de Vilches, Amalia de Llanto y Dotres, realizado por Federico de Madrazo em 1853 ou na de Raimundo de Madrazo y Carreta, 1879, que conferiu impressionante elegância a um de seus mecenas, Ramón de Errazu). Também pelas paisagens sublimes, com homens pequeninos, com uma e outra ruína. Alcança-se o Realismo de inspiração histórica (Eduardo Rosales, José Casado del Alisal) ou as paisagens que se pretendem realistas (Carlos de Haes) para, enfim, terminar a série de quase 100 quadros com o retrato social, que ora é objeto de crítica (como em Sorolla), ora apenas constata a pobreza ou a dignifica (como em Zuloaga, Victor Manzano ou Mariano Fortuny, este último sobretudo em Viejo desnudo al sol, 1871). Graças a Ramón, o que mais me chamou a atenção foram as representações da rainha conhecida por seu amor desmedido, Doña Juana la loca. De Francisco Pradilla (1848-1921), uma tela cinza de 1877 (acima), em pleno inverno e em pleno descampado, com Juana ao centro, grave e dramática, em contraste com o tédio da côrte obrigado a acompanhar o féretro de seu esposo, Felipe el Hermoso. De Lorenzo Vallés (1831-1910), Demencia de doña Juana de Castilla, 1866, com Felipe ao fundo, recém tirado de seu sepulcro (porque assim Juana acreditava que poderia fazê-lo voltar à vida) e alguns nobres no outro extremo, provavelmente tentando explicar que o esforço seria inútil. No centro, Juana, com o rosto convicto que somente os loucos podem manifestar, e o dedo indicador nos lábios, pedindo silêncio.
11.4.08
Touradas de Sevilha

A Alhambra de Granada
7.4.08
1.4.08
Ateneo de Madrid
Instituição privada que se agrupa em torno do estudo, difusão e discussão da Ciência, da Literatura e das Artes em geral desde 1835, El Ateneo está na calle Prado, 21, num edificio moderno de 1884, construído por Cánovas del Castillo. Ramón foi sócio e secretário dele, onde deu também uma ou outra conferência. Para visitá-lo, ver os quadros a óleo dos “ateneístas ilustres” (entre eles, claro, o de Ramón) tanto quanto o dourado Salón de Actos, belamente decorado com alegorias das artes e das ciências, basta pagar 1€. Melhor que isso é assistir a uma das atividades culturais propostas a cada mês. Com 1€ mais pude ouvir Bach, Haydn, Beethoven, Chopin e Bartok num recital de piano de Maite Blanco Robledano!














