Semana passada, Livia e eu assistimos à execução do Requiem de Brahms no Auditório Nacional de Música de Madrid: orquestra do país, regência um pouco burocrática de Joseph Pons, apesar dos solistas. Não esperava nada muito melhor ontem, quando fui dar uma espiada no concerto gratuito da igreja Saint-Sulpice. Lugar fantástico, peça promissora: a segunda sinfonia de Mahler. Cheio, muito cheio: concerto de caridade, com direito a discretas cestas para recolher donativos. Mas não começou bem, tampouco terminou. O bispo entusiasmado, fazendo trocadilhos entre Mahler e malheur (infelicidade). Depois um exagerado regente (o adjetivo foi empregado por um casal de italianos), subia numa das cadeiras convocando o público, constrangido, para cantar. Por fim, a peça executada a meio coro (o resto não teve tempo de ensaiar) e à meia orquestra (levando em consideração as exigências de Mahler). Nada que um ou outro deslocamento de trompistas pela igreja não tornasse, com a gesticulação frenética do regente, ainda mais dramático! Felizmente, a lembrança do concerto do organista Benjamin Alard na igreja Saint Paul, no final de semana, músico que concorre ao prêmio Les Victoires de la Musique ao lado do ótimo pianista David Greisalmmer. E a apresentação comovente de hoje, no Centre Tchèque, do Diário de um desaparecido de Léos Janácek (foto acima, com a esposa), com Joachim Knietter e a cigana Anokï von Arx. Nos links dos músicos, podem-se ouvir trechos de música, como a bela interpretação de Greisalmmer de um Intermezzo de Brahms.
30.1.08
Noites musicais
Semana passada, Livia e eu assistimos à execução do Requiem de Brahms no Auditório Nacional de Música de Madrid: orquestra do país, regência um pouco burocrática de Joseph Pons, apesar dos solistas. Não esperava nada muito melhor ontem, quando fui dar uma espiada no concerto gratuito da igreja Saint-Sulpice. Lugar fantástico, peça promissora: a segunda sinfonia de Mahler. Cheio, muito cheio: concerto de caridade, com direito a discretas cestas para recolher donativos. Mas não começou bem, tampouco terminou. O bispo entusiasmado, fazendo trocadilhos entre Mahler e malheur (infelicidade). Depois um exagerado regente (o adjetivo foi empregado por um casal de italianos), subia numa das cadeiras convocando o público, constrangido, para cantar. Por fim, a peça executada a meio coro (o resto não teve tempo de ensaiar) e à meia orquestra (levando em consideração as exigências de Mahler). Nada que um ou outro deslocamento de trompistas pela igreja não tornasse, com a gesticulação frenética do regente, ainda mais dramático! Felizmente, a lembrança do concerto do organista Benjamin Alard na igreja Saint Paul, no final de semana, músico que concorre ao prêmio Les Victoires de la Musique ao lado do ótimo pianista David Greisalmmer. E a apresentação comovente de hoje, no Centre Tchèque, do Diário de um desaparecido de Léos Janácek (foto acima, com a esposa), com Joachim Knietter e a cigana Anokï von Arx. Nos links dos músicos, podem-se ouvir trechos de música, como a bela interpretação de Greisalmmer de um Intermezzo de Brahms.
29.1.08
Las Bizarrías de Belisa
Esse é o título da peça que é considerada a última escrita por Lope de Vega. Fui conferi-la no Teatro Pavón já faz uns dias. A versão e a direção são de Eduardo Vasco, os atores são da Compañía Teatro Clásico: Eva Rufo (a encantadora Belisa que passa a gostar de Don Juan), Silvia Neiva (no papel de Lucinda, a rival de Belisa), Rebeca Hernando e María Benito (as criadas, duplos de suas patroas), Javier Lara (Don Juan, apaixonado por Lucinda, mas logo seduzido por Belisa) e David Boceta (sempre dançando com muito humor, era o Conde Enrique, apaixonado por Belisa, é seduzido por Lucinda), Alejandro Saá e José Juan Rodríguez (os criados, divertidíssimos, duplos rebaixados de seus patrões). História simples de troca de casais, montada com muita leveza. Embora o texto fosse o original, o uso de repertório musical contemporâneo e um piano colocado no centro do palco, as belas roupas (a cargo de Lorenzo Caprille), as sugestões simpáticas ao movimento gay, além do arranjo e rearranjo alucinante de cadeiras para situar diferentes cenas ajustaram a peça ao gosto dos dias de hoje.
28.1.08
Piscina do Château-Landon
27.1.08
Fotos de Madrid
Juan Guelman
Una ola de amor que
va de mi cuerpo al tuyo es
una humana canción.
No canta, vuela entre
tu boca y mi verano
bajo tu sol. El calendario no
tiene esta noche o fecha en su papel.
El manantial de vos
cae como vino en la copa
y el mundo calla sus desastres.
Gracias, mundo por no ser más que mundo
y ninguna otra cosa.
Exposições em Madrid
Viagens
23.1.08
Pausa em Madrid
22.1.08
Centre Tchèque
O Centre Tchèque (rua Bonaparte 18, perto da igreja Saint Germain des Prés) é um dos lugares em Paris com notável programação artística e musical. Compartilhando do ambiente do jazz do bairro, oferece shows todas as sextas-feiras. Mas se volta também à música clássica, privilegiando os artistas nacionais: Martinu ou Janacek, cujo belíssimo Diário de um desaparecido será encenado nos próximos dias 28 e 29. Hoje, num acordo com o Conservatório de Paris, quatro alunos executaram o difícil Quatuor pour la fin du Temps de Olivier Messiaen (foto ao lado), neste ano em que se comemora o centésimo aniversário de seu nascimento. Nesse meio tempo, descobri que as comemorações podem ser acompanhadas nos sites www.messiaen2008.com e www.latriniteparis.com, igreja em que Messiaen foi organista titular.
Histórias de Madrid
Vêem-se poucos policiais nas ruas de Paris, Londres ou Roma. Passam de carro rapidamente, em geral em comboio, quando acionados pelas chamadas telefônicas ou pelas diversas câmeras espalhadas pela cidade. Há militares armados nas estações de metrô e nos aeroportos, mas isso é outra história. Essa suposta ausência é motivo de discussão atualmente na França. É possível ver infrações: pessoas pulando a catraca do metrô, motos percorrendo as calçadas. Na periferia, as coisas complicam-se um pouco. Pois bem, hoje senti-me parte da corporação de vigilantes. Estava Livia num cybercafe em Madrid, quando percebi através de sua câmera um homem observando-a e em seguida aproximando-se de sua cadeira. Dissimulando e não imaginando que eu relatava a trajetória suspeita, tentou capturar sua bolsa, servindo-se de um casaco. Surpreso com seu movimento brusco, fingiu ter abaixado para pegar o casaco e saiu sem importunar. A foto é do site da Kent police.
21.1.08
Cité de l'architecture et du patrimoine
20.1.08
Richard Wagner, visões de artistas
17.1.08
Novidades da internet
O Pandora.com, um dos melhores sites de música na internet, acaba de voltar a funcionar agora no site Globalpandora.com. Lá descobri o Squirrel Nut Zippers, desde já recomendado. No site, indica-se o nome do artista ou da música e ele procura, em seguida, outros grupos parecidos, montando-se uma espécie de rádio. Nos tempos em que o Pandora esteve proibido fora dos EUA, outros sites surgiram. Um deles é o Musicovery. Mas pode-se ouvir música também no youtube, de forma mais autônoma, desde que se tenha conexão rápida. Nele é possível ouvir dois artistas que não param de tocar por aqui, o Mika, espécie de Freddie Mercury pop, e a Yael Naim, com sua música agora no propagandeado novo Mac. O clipe está no link.
Civilizada Paris
Não é mentira, o jornal 20 Minutes do metrô noticia que a SNCF, companhia responsável pelos trens na França, instalará "difusores de perfumes" em algumas estações: Musée d'Orsay, Invalides, dentre outras. Informa-nos que "testa regularmente novos ambientes e se adapta às diferentes épocas do ano". Sutil. Este blog ainda considera a distribuição de portáteis thermals foggers possivelmente mais eficiente. Mas há outras: a redução de impostos para as cadeias de vendas de perfume e produtos de higiene, e a disponibilização de banheiros públicos nos metrôs, com ducha. Um blog francês que tem feito muito sucesso por aqui, de uma senhora atualmente ex-caixa de uma loja, intitulado Cassiernofutur (caixa sem futuro), apresenta um relato divertido sobre um rapaz que conseguiu interditar uma área de venda de revistas em quadrinho, extremamente concorridas.
15.1.08
Museus em Londres
14.1.08
Madrid, primeiros dias e impressões
Chegada em Madrid dia 12/01, curiosamente (porque, claro, foi sem intenção), no aniversário de 44 anos de morte de Ramón Gómez de la Serna (o Ramón do título do blog). Apropriado lembrar seu nome estando numa cidade que ele reinventou por meio da literatura: a Madrid dos objetos sem valor, do Rastro (feira de antigüidades e de usados em geral), das ruas afastadas do centro, dos parques escuros durante a noite, que, quando atravessados, transmitem o pressentimento do crime embora jamais se saiba se seremos os assassinos ou as vítimas. Madrid pensada e imaginada durante um sem fim de noites em claro, quando ele se punha a escrever. Pois justamente um pouco dessa sensação de trocar o dia pela noite - não aquela dos parques - tenho eu agora, diante do extraordinário horário espanhol. Comércio aberto das 10 às 14 horas e das 17 às 20 horas. Entre as 14 e as 17, almoço e descanso: uns voltam para casa para dormir, outros tomam sol nos parques, outros batem papo num café. Os horários correspondem também a outro tipo de alimentação, que deixarei para comentar noutro momento, com mais calma. Basta dizer que provei já a pina (espécie de ratatouille), o roscón (rosca doce que se come no dia de reis, um pouco antes, um pouco depois, foto acima), o polvorón (uma paçoca feita com amêndoas no lugar do nosso amendoim), além do tradicional queijo manchego e da tortilla.Madrid, Agamben
12.1.08
11.1.08
Variedades de Londres
Primeiras impressões, Londres
7.1.08
Londres, 3 dias
Amanhã vamos a Londres, onde ficaremos até quinta-feira: no imprevisível albergue Journey's King Cross. Ida de Eurostar, que agora nos deixa na estação Saint Pancras em quase duas horas, rapidíssimo. E não muito caro, se comprado com antecedência: 70 euros ida e volta. Rapidíssima também a provável correria dos três dias, para várias escolhas: National Gallery, British Museum, Tate Britain e Natural History Museum (para ver os dinossauros), dentre os museus (todos eles gratuitos). Mais os parques (o Regent's Park, o Hyde Park), os prédios públicos: palácio de Buckingham, a torre de Londres. E as igrejas: Saint Paul, Westminster. E nada mais, muito possivelmente: talvez alguns circuitos de ônibus. Ah, previsão do tempo: dois dias de chuva, dentre os três, embora quente para a época, como têm sido quentes os últimos dias em Paris: entre 10 e 12 graus ao longo do dia, 5 no meio da noite. A imagem ao lado, Harmonia em cinza e verde de James Whistler, está na Tate Britain.













