5.5.08

Luca Giordano no Casón del Buen Retiro

Para comemorar o fim das reformas realizadas entre 1997 e 2007, o Casón del Buen Retiro abre suas portas com uma exposição de Luca Giordano em que o principal atrativo é a restauração de um de seus afrescos, o único que restou, correspondente ao salão principal, chamado Apoteosis de la Monarquía Española (1697). O tema principal, entretanto, e apesar de sua beleza barroca feita de pinceladas rápidas, está em uma superfície com rachaduras aqui e acolá, nada desprezíveis e um pouco inexplicáveis diante dos 10 anos de arrumação da casa. Talvez por isso, ou pelo azul celeste, pouco interrogativo e com o aspecto do paraíso desgastado pelo senso comum, o mais interessante é outra pintura, disposta na mesma sala. Chama-se Rubens pintando la alegoría de la Paz (1660) e é um quadro de grandes dimensões, com forte contraste claro/escuro e bastante representativo do que inspira em Giordano o gosto pelas mulheres brancas, sensuais em sua corpulência, com movimentos a um só tempo torcidos e alongados. Não é à toa que Peter Pauls Rubens é o retratado, numa tela inquietante, em que vida e arte são espelhos. Rubens observa Vênus/Paz que por sua vez observa seu amante, Marte/Guerra. Nós, espectadores, vemos o quadro de Giordano que representa a Rubens representando o que vê. Na porção inferior, aparecem alegorias dos elementos que a guerra destrói: poder, política, comércio, ciência, artes. Mas o que realmente desconcerta são os seres fantásticos que servem de suporte material aos personagens: um urso negro que sustenta o quadro pintado e a cariátide da poltrona de Vênus, algo que se assemelha a uma Fúria e onde está sentado, muito tranquilamente, Rubens. Infelizmente nenhum desses detalhes podem ser vistos na foto acima!

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