18.9.07

Museus em Paris 2

Agora com os dois vistos em mãos, seguimos com os planejamentos. Uma parte tem a ver com os cursos universitários, nas Universités Paris 3, 4, 10, no Collège de France, que recentemente publicou a sua agenda 2007-2008 (com seminários de Michael Edwards, Michel Zink, Antoine Compagnon), no Collège International de Philosophie, que também publicou o seu calendário. O que está por ora ao alcance, no entanto, é a lista de museus para serem visitados. Ela provém do site Paris.fr. Na verdade, são quase 150 museus dentre os quais escolhemos apenas alguns gratuitos para essa segunda rubrica: o Musée d'art moderne, construído para a exposição internacional de 1937 e que abriga 8 mil obras de arte do século XX, o Musée Carnavalet, dedicado à memória de Paris e que possui uma cripta arqueológica da NotreDame, a Maison de Balzac, a Maison de Victor Hugo, o museu de belas artes Petit Palais, o Musée Cernuschi, que está perto do Parc Monceau e reúne a coleção de arte do Oriente de Henri Cernuschi, o Musée Cognacq-Jay, com obras de Chardin e Fragonard, o Musée Bourdelle, por fim, o Musée de la Vie Romantique, de onde vem a foto acima de Henri Garat.

14.9.07

Tannhäuser em Paris

De fato, o esquema dos ensaios "pleins feux" da Opéra National de Paris parece ter dado certo. Para dizer que conseguimos reservar hoje mesmo ingressos do dia 4 de dezembro da montagem de Robert Carsen, dirigida por Seiji Osawa e com a participação do ótimo barítono Matthias Goerne. Pelo visto e diante da antecedência com que foram disponibilizados, os ingressos deverão se esgotar rapidamente. Em tempo, há uma boa programação musical de Paris no site do figaroscope e, evidemente, no site da Cité de la musique.

11.9.07

Museus em Paris 1

Primeiras informações sobre museus e exposições em Paris: do dia 13 de outubro a 28 de janeiro as Galeries Nationales du Grand Palais propõem uma exposição dedicada a Gustave Courbet. Do mesmo modo, conforme nos informa o site Paris.info, inicia-se no dia 19 de setembro até 7 de janeiro no Musée National Picasso uma mostra exaustiva de sua produção cubista entre os anos 1906 e 1925, dividida em alguns períodos principais: o "período negro" (1907-1908), os cubismos "cezaneano", "bizantino" (1909), "hermético", "sintético" (1910-1912) e as suas evoluções "rococo", "decorativas" (1914-1917), terminando na produção chamada "pós-cubista" (1921-1925). Por fim, em meio às exposições previstas há ainda uma mostra Jean-Honoré Fragonard a partir do dia 13 de outubro até 13 de janeiro no belo Musée Jacquemart-André.

10.9.07

Enfim

Ao que tudo indica, depois de alguns meses em negociação, ficaremos no Centre les recollets, esse simpático e antigo Convento dos Recolhidos (ordem religiosa mendicante), erguido no século XVII e posteriormente transformado em "hospício dos incuráveis", hospital militar, e que abriga atualmente a Maison de l'Architecture e 81 apartamentos- ateliês para artistas, escritores e pesquisadores (meu caso). Situa-se perto da Gare de l'Est, de onde partiram os soldados franceses na Segunda Guerra, no décimo "arrondissement". Bom, também perto do maior mercado coberto de Paris, o "marché de Saint-Quentin" (cf. "Les marchés alimentaires par arrondissement"). E a exatos 2800 metros da NotreDame de Paris, percorridos em 42 minutos, segundo o já indispensável mappy.com, que infelizmente não funciona ainda para o Brasil, mas que pode ser substituído pelo maps.google.com, com a única desvantagem de não apresentar a possibilidade de trajetos a pé e por transportes públicos.

4.9.07

Paris pas cher

No site L'internaute descobri uma lista de indicações de Paris a custo zero. Coisas divertidas: cortes de cabelo e maquiagem em escolas preparatórias, degustação de vinhos na Grande épicerie de Paris, por exemplo, refeições gratuitas em bares musicais (La Cordonnerie no IIe, Le Tribal Café no Xe, La Chope du Château Rouge no XVIIIe), em que se cobra apenas a bebida. E a possibilidade de assistir a ensaios gerais "pleins feux" do Conservatoire National Supérieur d'Art Dramatique e da L'Opéra National de Paris. Pode-se ainda visitar gratuitamente as coleções dos Museus da Cidade de Paris, aos quais retornarei posteriormente com mais informações. (A foto acima é de Stépanhie Corlou.)

1.9.07

Poema de Jean Grosjean

O motivo principal de minha estadia em Paris é a elaboração de uma antologia da poesia cristã/católica francesa da primeira metade do século XX. Soma-se a isso um mapeamento, possivelmente posterior, da recepção brasileira por poetas como Murilo Mendes, Jorge de Lima, Vinícius de Moraes, Murilo Araújo, Carlos Drummond de Andrade, etc. Em meio aos poetas franceses, no entanto, um deles parece não ter sido mencionado pela crítica brasileira, o que não diminui o seu interesse. O poema seguinte de Jean Grosjean faz parte do livro intitulado Elegias:

XXXII

Na montanha, sob a árvore de gomos claros, o
melro de voz livre glorifica a linha sinuosa de teu dorso.

Se chove como um riso sobre os pensamentos
selvagens do cemitério, tua face é mais brilhante
que as praias cujas marés poliram as pedras.

Calçado pela morna bruma do germinal, meu pé
desajeitado esbarra num seixo azul cujo ruído celeste
desce brutalmente ao abismo onde vivemos.

O calor da vida nos volta ao peito quando os tornozelos
se enterram nas neves desfeitas entre as anêmonas,
ou que teu olhar me passa sobre a fronte.

Já o azul violento da altura se põe sobre os teus rins
como outrora a minha mão sobre teu ombro que ainda treme.

Sentindo que te apressas a perguntar, baixo os olhos
a tuas pernas frescas atrás das quais desdobra-se
toda a costa arborizada de Austrásia.

Agora que o sol está em teus joelhos, o lento corvo
que rema no mundo faz errar sua sombra apenas em tua anca,
onde, nas tardes de batalha, rolava minha cabeça.

Passados os horríveis estreitos, escuto, numa luz cúmplice
e contagiante, esse leve sussurro que fizeram teus cílios
primeira vez que se ergueram.