5.5.08

Convento de las Descalzas Reales

Apesar de se tratar de um convento, diz-se que as Descalzas Reales reúne uma impressionante coleção de obras de arte, entre as quais se podem enumerar telas de Velázquez, Murillo, Ribera, Van der Weyden, Tiziano. Sua fundadora, Juana de Austria (mãe de don Sebastião de Portugal), aproveitou o edifício de um palácio para aí estabelecer a Ordem das Clarissas ou Descalças. Desde a fundação, em 1559, recebem-se dotes de freiras que esperam passar aí o resto de suas vidas. O inusual é que muitas delas pertenciam à realeza ou à nobreza, daí seus dotes serem grandes somas de dinheiro e obras de arte de valor inestimável. Mas o recinto ainda é monastério de clausura e, portanto, não é possível visitá-lo como museu. Os horários são restritos, o número de visitantes é reduzido, conhece-se apenas um quarto do edifício e as visitas são sempre guiadas e não necessariamente pretendem mostrar a coleção. Explico em detalhe. O guia responsável pelos não mais de 30 minutos de explicação era absolutamente burocrático e carrancudo ao apresentar os tapetes de Bruxelas baseados em desenhos de Rubens, os quadros de Coello ou a comovente escultura Ecce homo de Gregorio Fernández. Pois exatamente o oposto ocorria quando contava que de todas as monjas que chegaram a ser professas, nenhuma abandonou a ordem. Também saboreava cada frase devota ao falar do dormitório sem camas das freiras até 1970, das muitas que morreram de pneumonia por não se permitir calefação e o claustro ser aberto até o final do XVII, das sandálias de três tiras que usam e são feitas com materiais descartados, da dura limpeza que realizam duas vezes ao dia. O auge da ternura, entretanto, esteve reservado para as alfaces e tomates da horta do convento. Imaginem que, segundo ele, por serem plantados, cuidados e colhidos por mãos divinas eram maravilhosamente bons e, portanto, também divinos.

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