29.6.08

Só o fim do mundo

Louis (Pierre Louis-Calixte, acima), trinta e quatro anos, está prestes a morrer. Sem saber exatamente o porquê, decide rever sua família depois de longos anos sem contato, a não ser pelos cartões postais. Pretende anunciar sua morte. Em vez disso, no entanto, desperta um turbilhão de rancores adormecidos, de antigas cóleras, de histórias mal resolvidas, de fantasmas. Com exceção dele, todos falam, procurando preencher os silêncios: sua mãe (Catherine Ferran), seu irmão (Laurent Stocker), sua cunhada Catherine (Elsa Lepoivre), sua irmã (Julie Sicard). Essa história, chamada Juste la fin du monde, poderia ser a de muitos, como é, parcialmente, a do próprio autor, Jean-Luc Lagarce (1957-1995). Acaba de entrar no repertório da Comédie Française, com estréia dirigida por Michel Raskine. Pouca ação e um discurso poderoso. Ao não dizer o essencial, ecoa culpa, dor e, portanto, incomoda. O silêncio, entretanto, não impede que Louis selecione os momentos daquela visita capazes de dizer a sua verdade, com irônicos cortes sonoros que parecem cliques de máquina reflex.

Segundo o Ministério da Cultura, as peças de Lagarce estão entre as mais representadas na França depois de Shakespeare e Molière. Tudo caminha para torná-lo um clássico, Juste la fin du monde e Nous, les héros são parte do programa do “baccalauréat théâtre” 2007-2008. O primeiro link contém uma ótima entrevista com o ator principal.

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