24.3.08

Semana Santa, Madrid

Se a fé fosse fruto de convencimento estético, jamais se poderia compreender as manifestações e o fervor dos religiosos madrilenos. Quarta passada fui à Plaza de Oriente às 19:30h para ver uma Vía Crucis Solemne. Imaginava uma espécie de representação dos passos de Cristo ou algo do gênero. Nada disso. Em meio a um coro bem chochinho, o máximo de solene era a bata roxa que usavam os padres ou a presença de algumas monjas, fiéis segurando cruzes e o vento, um vento forte e gelado em pleno início de primavera, para que cada um provasse o alcance de sua fé. Descontente com essa mostra religiosa, insisti e fui, sexta-feira da Paixão, à Procesión Jesús Nazareno de Medinaceli, a mais conhecida por aqui. Descobri que era um desfile: fanfarra, senhoras vestidas com roupas negras e usando a "mantilla", homens carregando estandartes ou velas artificiais, pessoas com roupas comuns (as únicas que não levavam uma carteirinha no peito), descalças e arrastando correntes, além dos famosos penitentes, de roxo, vestindo carapuças que só lhes deixavam o buraco para os olhos (como os condenados pela Inquisição ou os membros da Kukluxkan). Por fim, o andor dourado e grande, decorado com flores, com o Jesus de Medinaceli. Após outra fanfarra e mais algumas senhoras de carteirinha, a multidão, que também queria seguir a procissão, separada por um cordão de segurança. Dizem que 800 mil pessoas acompanham todos os anos a procissão. Vendo, eu diria que 20 mil (incluindo, claro, a multidão), segue de fato o desfile, o resto está enfileirado à direita e à esquerda para ver e tirar fotos.

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