25.3.08

La Noche española, exposição do Reina Sofía

De tão desatualizado, esse blog anuncia uma exposição de dezembro do ano passado que terminou no último 24 de março. De qualquer forma, merece um comentário porque reúne representações que começaram a se consolidar no fim do século XIX e hoje constituem o imaginário típico do espanhol: o flamenco (inicialmente próprio do proletariado andaluz), o canto, a “guitarra”, o leque, a tourada, a “mantilla”, ciganas e “bandoleros”. Para esse movimento, que começou no romantismo e chegou até as vanguardas, contribuíram estrangeiros e espanhóis. Entre os primeiros, Manet, Courbet (La signora Adela Guerrero, danseuse espagnole, 1851, acima), John Singer Sargent, Degas e suas esculturas em bronze, K. van Dongen, Robert Henri, Theo van Rysselberg, Modigliani (A bela espanhola), os boleros de Nijinsky, as diversas espanholas de Natalia Goncharova. Além disso, Thomas Edison filmou um curta com a dançarina Carmencita em 1894: gorda, desequilibrando-se e por isso mesmo graciosa. Os irmãos Lumière, em 1900, um filme chamado Danse espagnole en la feria Sevillanos e Jean Limur, um documentário didático, com a famosa Argentinita ensinando diversos passos de alegría, tango, sevillano, bulería... Os espanhóis não rejeitaram nenhuma das máscaras, ao contrário, reforçaram-nas. Assim Ignacio Zuloaga (Lucienne Breval en Carmen, 1908), Julio Romero de Torres (Manola, 1900-10), Gustavo Adolfo Bécquer (em seus auto-retratos), Santiago Rusiñol, Ricard Canals, Ramón Casas, Gonzalo Bilbao e as infinitas guitarras, femininas e cubistas, de Picasso, Ángeles Ortíz, Juan Gris. Também compareceram Gutiérrez Solana (Café cantante, 1910-17 ou La cupletista, 1927), Regoyos ou Nonell, embora com certo pessimismo, conforme com o livro de viagens España Negra (de E. Verhaeren e Darío Regoyos). E esse não foi único livro que ajudou a fundar o típico de Espanha. Entre outros, Merimée (Carmen), Pierre Louÿs (La femme et le pantin), Charles Davilier (L’Espagne, ilustrações de Gustave Doré), T. Gautier (Voyage en Espagne) e Rilke (“Bailarina espanhola”, 1906) observaram-na ora tentando explicá-la, ora seduzidos pelo folclore que engendravam.

Nenhum comentário: