30.10.07

Quirocinemancia

Caro, Leo. Hoje deu tudo errado: fiquei duas horas e meia esperando os livros que tinha encomendado na biblioteca. E eles não chegaram. Nesse meio tempo, nas minhas costas, havia o conjunto inteiro da Pléiade. Resolvi consultar os Cahiers/ Cadernos de Paul Valéry. Recolhi uma citação interessante, que traduzi e envio para você.

"O papel estranho e notável da mão no discurso – papel expletivo – talvez uma lembrança degenerada de alguma antiga linguagem dos signos.
(Poder-se-ia fazer um conto de um teórico que reconstituísse/ diria reconstituir/ pela observação das gesticulações atuais – uma linguagem primitiva e através dela o pensamento dos antigos – e estabelecer uma ligação com a mímica animal etc. etc. - fácil)
A mão fala então – oferece, pinça, corta, recusa, reúne, chama, bate, aponta etc.
Ela expõe sobretudo os verbos.

Ela reforça (cf. a mão dos cantores) e marca a escansão – impondo as paradas – definindo as crono-frases.

Mão – aparelho de representação – Espaço." (1925, xáppa, XI, III)

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