18.10.07

Yves Bonnefoy

Pouco antes de vir à Paris, recebi uma notícia preocupante. Haveria justamente na Paris 3, Sorbonne Nouvelle (a que estou ligado), um encontro com os poetas Yves Bonnefoy, Michel Deguy, Márton Kalász e Wulf Kirsten. Sobre o colóquio, organizado pelo professor Stéphane Michaud, fui de fato triplamente alertado, inclusive pelo próprio organizador, entusiasmado com a presença de Yves Bonnefoy e com o meu interesse por sua obra. Hoje, enfim, depois de alguns anos de pesquisa dedicada ao estudo da obra poética de Yves Bonnefoy, pude encontrá-lo pessoalmente pela primeira vez. Não sem hesitações. Diante dele, que lembrava de ouvir falar de meu nome através de Michèle Finck, e que não hesitou (pelo menos pareceu-me) em conceder-me um encontro no próximo inverno, quando eu ainda estiver aqui. Mas que estranhou o que me traz à Paris: a preparação de uma antologia da poesia cristã do século XX. A que respondeu, enfaticamente: je ne suis pas chrétien. Segue uma tradução que fiz de um de seus poemas de As Pranchas Curvas.

Uma Pedra


Uma pressa misteriosa nos chamava.
Nós entramos, nós abrimos
Os postigos, reconhecemos a mesa, a lareira,
A cama; a estrela se alargava na vidraça,
Ouvíamos a voz que deseja que amemos
No mais alto verão,
Como brincam os golfinhos em sua água sem margens.

Durmamos, não sabendo de nós. Seio contra seio,
Fôlegos mesclados, mão na mão sem sonhos.

Um comentário:

Andreia disse...

Oi Pablo, oi Lívia!
Fui procurar por vocês lá no orkut e encontrei o endereço do blog, uma grata surpresa, por sinal.

Então quer dizer que vocês estão na França? E os planos de vir à Espanha, ainda estão de pé? Um dia desses estava pensando em vocês e foi quando caiu a ficha de que já estamos em outubro e era mais ou menos a época que eu imaginava que seria a viagem, mas não sabia exatamente quando.

Quando puder, escreva contando notícias e se tudo der certo, podemos combinar um encontro.

Um abraço!