21.2.08

Protocolos

Há sempre uma curiosa mise en scène, para usar expressão francesa tão apropriada, em parte dos colóquios, seminários e cursos a que tenho assistido. Os protocolos são estritos nos colóquios: 30 minutos para cada participante, depois de três apresentações, escassos dez minutos para perguntas e mais dois com o presidente da mesa freqüentemente desculpando-se pela falta de tempo. Em geral, nos colóquios, lêem-se textos mais ou menos feitos para serem lidos em público, para desespero de um auditório impassível ou sonolento. No caso dos cursos universitários, há professores que pausam a cada frase, pressentindo a sua anotação iminente, outros que chegam sempre depois dos alunos e saem rapidamente, evitando o diálogo. Isso para cursos muitas vezes solenes, lidos igualmente a um auditório silenciosíssimo (ou sonolentíssimo). Quando ocorrem variações ainda que sutis naquilo que já é previsto, os efeitos são interessantes. Hoje um senhor aparentemente inofensivo levantou e apontou a porta de saída para um outro cujo celular acabara de tocar, disse: sai, lá fora! Num dia desses atrás, um de meus professores se deixou substituir alegando terem-lhe "arrancado três dentes na véspera". Por fim, agora há pouco uma discussão acalorada talvez tenha deixado traumas irreparáveis aos participantes do colóquio Levinas/Lacan.

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