3.11.07

Basse-Bellevilloise e Comédie Française

Ontem, caminhada por uma parte do 10e arrondissement, do lado oposto ao que estamos hospedados, atravessando o Canal Saint-Martin: metrô Belleville, Faubourg-du-Temple, rue Saint-Maur, place Sainte-Marthe. Outra Paris (fotos no flickr): sem turistas, com prováveis moradores sans-papiers, com prédios antigos sendo demolidos para dar lugar a outros, faixas na frente de comércios explicando que a prefeitura está retomando aquele imóvel, comércio desaquecido. Abandonada e suja. À noite, para o máximo contraste, 1er arrondissement, representação do Malade imaginaire na Comédie Française, salle Richelieu. A morte, em pleno dia dos Mortos, está por toda a parte. O próprio Molière morreu durante a quarta representação, em 17/02/1673. O diretor, Claude Stratz, morreu no último 04/04. A peça, à parte uns muros subitamente destruídos na última cena com a finalidade de dar lugar à cerimônia dos médicos, é irretocável: forte oposição entre Argan (o doente, neurótico perfeito bem antes de Freud, interpretado por Alain Prelon) e sua empregada Toinette (Cécile Brune). Paródia do que não se pode remediar, com momentos lentos e tensos, balés carnavalescos graciosos, gargalhadas inquietas.

Nenhum comentário: