30.11.07

Literatura comparada

Para que não pensem que vivemos só de brisa, explico que o dia de hoje, sendo prévio à representação de Pedro et le commandateur que veremos amanhã na Comédie-Française, foi dedicado à leitura do texto de Lope de Vega em que se baseou a montagem: Peribáñez y el Comendador de Ocaña (1610), inteiramente disponível no site da Biblioteca Miguel de Cervantes. A peça é dirigida pelo colombiano Omar Porras (?), com coreografia de Fabiana Medina, cenário e máscaras de Fredy Porras. Os atores principais são Laurent Stocker (comendador de Ocaña, pequena vila onde se passa uma parte da peça; a outra ocorre em Toledo), Laurent Natrella (Pedro Peribáñez) e Elsa Lepoivre (a bela Casilda). Lope de Vega (ao lado) é o outro lado do curso ministrado por Chartier no Collège de France, que trata de Shakespeare, Guillén de Castro e Miguel de Cervantes. Um ano antes de Peribáñez, Lope de Vega publicou Arte nuevo de hacer comedias, em que faz uma série de recomedações para o teatro: eleger o personagem e não ter pudores quando se trata de um rei, misturar o trágico e o cômico, realizá-la com o menor tempo possível, deixar a solução para o fim “porque, en sabiendo el vulgo el fin que tiene, vuelve el rostro a la puerta y las espaldas”. O silêncio deve ser evitado, as palavras não podem ser gastas à toa, tudo deve ser verossímil e “Los casos de la honra son mejores, /porque mueven con fuerza a toda gente”. Pobre, assim, do comendador, primeiro nobre morto por um camponês porque este viu sua honra ferida!

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