14.11.07

Curiosidade e greve

Dia de paralisação de ferroviários e estudantes, hoje. Mas uma volta no bairro deu a impressão de que, diferentemente da greve passada, as pessoas não saíram muito de casa para trabalhar. Com sol, alguns jovens correndo no Canal Saint-Martin, famílias passeando, outras fazendo compras no incrivelmente popular supermercado Lidl e na feira de Belleville. Oportunidade, portanto, para também sair e caminhar, e fazer fotos. Uma curiosidade no caminho, desde que chegamos notamos uma movimentação suspeita perto da grade acima, na frente de nosso quarto: homens retirando coisas de um saco plástico ao longo do dia. Hoje descobrimos, são latas de comida. Isso para lembrar-nos de que há uma população em Paris que não come verduras, frutas, carnes e que, mesmo assim, o governo prefere manter os subsídios dos agricultures e as barreiras aos produtos agrícolas extrangeiros. Mas isso não inquieta tanto os franceses quanto a greve dos ferroviários. Ouvem-se os argumentos dos dois lados (governo e sindicalistas), o que é bem diferente do Brasil. Uma rodada pelos canais de informação mais freqüentados mostra, todavia, a posição majoritária da midia. Diz-se abertamente que os benefícios de aposentadorias das carreiras estatais devem ser abolidos (posição do governo), através de uma argumentação cuidadosa, embora frágil: comparar com a aposentadoria na iniciativa privada. Os ferroviários aposentariam com o último salário quase integral, ao passo que na iniciativa privada seria feita a média dos últimos 20 anos. O que os canais de informação omitem, no entanto, e que há uma clara diferença de salários (na iniciativa privada ganha-se bem mais) e que os empregos públicos correspondem a serviços essenciais, e que portanto deveriam ser melhor remunerados. Mas a discussão é longa, como no Brasil.

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