31.10.07
Dupla jornada
Dia de sol, hoje, 13 graus. Véspera de feriado, decidimos ir ao Bois de Boulogne, extenso parque nos limites de Paris. Com sua dupla utilidade pública: durante o dia, lugar das famílias, onde é possível fazer um picnic e passear de barco. À noite, cerne dos animados encontros de travestis (muitos deles brasileiros), prostitutas e aficionados. O site da revista Choc.fr consagrou, recentemente, um "diaporama" e uma matéria exclusiva à questão, com comentários hilários e imagens desaconselhadas a menores. No verão, o Bois de Boulogne torna-se mesmo um lugar "turístico". Sobre os brasileiros no exterior, no entanto, o melhor são as piadas reunidas no site Hembratur.
30.10.07
Quirocinemancia
Caro, Leo. Hoje deu tudo errado: fiquei duas horas e meia esperando os livros que tinha encomendado na biblioteca. E eles não chegaram. Nesse meio tempo, nas minhas costas, havia o conjunto inteiro da Pléiade. Resolvi consultar os Cahiers/ Cadernos de Paul Valéry. Recolhi uma citação interessante, que traduzi e envio para você.
"O papel estranho e notável da mão no discurso – papel expletivo – talvez uma lembrança degenerada de alguma antiga linguagem dos signos.
(Poder-se-ia fazer um conto de um teórico que reconstituísse/ diria reconstituir/ pela observação das gesticulações atuais – uma linguagem primitiva e através dela o pensamento dos antigos – e estabelecer uma ligação com a mímica animal etc. etc. - fácil)
A mão fala então – oferece, pinça, corta, recusa, reúne, chama, bate, aponta etc.
Ela expõe sobretudo os verbos.
Ela reforça (cf. a mão dos cantores) e marca a escansão – impondo as paradas – definindo as crono-frases.
Mão – aparelho de representação – Espaço." (1925, xáppa, XI, III)
28.10.07
Percurso pelo MAM
Mais um dia de grisaille/cinza. Daí a opção de, no fim da tarde, nos internarmos na coleção permanente de um novo museu, o Musée d’Art Moderne. Ao contrário daquele de ontem, um elefante branco, com salas imensas que dificultam a observação, uma vez que os espaços devem ser atravessados em zig-zag inúmeras vezes para se alcançar a totalidade das obras. Ainda assim, surpreendentes belezas: um arlequim introspectivo e uma "Maternidade" de Pablo Picasso; um sonho de Marc Chagall, numa paisagem invertida, com um burrico carregando uma espécie de princesinha; um conjunto de retratos de pintores em seus ateliês de Édouard Vuillard (um deles de Maurice Denis, acima), o café da manhã de um menino segundo a delicada paleta de cores de Pierre Bonnard; a sala (Raoul) Dufy que recoloca em cena um painel gigantesco sobre a eletricidade, exibido originalmente na Exposition internacionale des arts et techiniques de 1937.
Ah, coitado!

Sabe lá o que é você viver em Paris e se apaixonar à primeira vista por Susana Vieira num boulevard daqueles qualquer? Eis o drama do personagem de José Wilker em Duas Caras.
Horário, rainlendar

27.10.07
Vida romântica x Clichy

Equívoco

26.10.07
Gardenio, Auerbach

24.10.07
Impasse de Ramón
23.10.07
Arenas de Lutécio

22.10.07
Vôos na Europa

Labirintos

21.10.07
Arthur Honegger
Pouca coisa, hoje
. Fomos assistir agora à tarde ao "Rei David" de
Arthur Honegger (foto ao lado), cujo site oficial está no seguinte link. Música moderna, coral e religiosa. Executada pela orquestra dos Conservatórios do X e XI "arrondissements" e por um conjunto de jovens solistas, Kaja Kapitaniak, Lynda Bisch e Shuo Du, que penaram um tanto para se fazerem ouvir na acústica desfavorável da Igreja Saint Vincent de Paul, a alguns quarteirões daqui. (Em tempo, ao lado foram incluídos novos links para Madrid e um outro, ainda inativo, para a galeria de fotos do Flickr, que pretendemos atualizar).


20.10.07
Coisas de museu
Fomos agora à tarde ao Musée Carnavalet, museu da história de Paris (foto panorâmica acima). Várias coisas: vestígios arqueológicos da cidade na antigüidade e na idade média, reconstituição de lojas de comércio e de quartos (o de Marcel Proust é um deles, sóbrio, com um revestimento para minimizar barulhos), salas sobre a Revolução, a Segunda República, etc. Foi possível pensar na volta agitada pelo bairro do Marais, quando deparamos com uma loja de discos liquidando tudo, em coisas que em breve talvez estejam em museus. Quatro delas: telefones públicos (em Paris, estão abandonados: quem tem dinheiro usa celular, quem não tem vai a lojas de voz sobre ip ou a lanhouses), lojas de cds (com exceção da Fnac, cuja parte de música nem é a das mais animadas, quase não existem mais), jornais pagos (há um grande número de jornais distribuídos no metrô, como já acontece em São Paulo), lojas de revelação de fotos. Sabendo da situação da imprensa no Brasil e da tv (soube que perderam 3o% de audiência nesses últimos tempos, para a internet?), quem sabe possamos incluir na lista de coisas que deveriam estar em museus Clóvis Rossi, Arnaldo Jabor et caterva.
19.10.07
Metrô de Paris
A foto (Metrô, Paris, Fall 2006) é de Alyssa Hursh, finalista do OCS Photo Contest. Soube que a imprensa brasileira vem repercutindo a greve no sistema de transportes francês. Não sei se ela omite os motivos da reivindicação dos trabalhadores e insiste em tratar apenas dos
congestionamentos, como se faz freqüentemente na cobertura jornalística em São Paulo. E, nesse caso, a greve fica parecendo tão somente um ato de barbárie contra o usuário (em Paris, ouve-se por vezes que a reivindicação dos grevistas é da ordem da manutenção de privilégios, sobre os quais eu não saberia dizer muita coisa). De todo modo, nesses dois dias há uma constatação: o sistema não funcionando em Paris é melhor do que o que diz operar "em normalidade" na cidade de São Paulo. Demora-se um pouco mais a chegar nos lugares, os trens estão cheios, a cidade um pouco caótica, muitas bicicletas na rua (supostamente alguns usuários do Velib teriam "reservado" a "sua" bicicleta na véspera). Mas, definitivamente, não é São Paulo.

18.10.07
Yves Bonnefoy

Uma Pedra
Uma pressa misteriosa nos chamava.
Nós entramos, nós abrimos
Os postigos, reconhecemos a mesa, a lareira,
A cama; a estrela se alargava na vidraça,
Ouvíamos a voz que deseja que amemos
No mais alto verão,
Como brincam os golfinhos em sua água sem margens.
Durmamos, não sabendo de nós. Seio contra seio,
Fôlegos mesclados, mão na mão sem sonhos.
17.10.07
Hoegaarden

16.10.07
Lá da casa do Maurice

15.10.07
Nossa Senhora das Vitórias

Meu gerente português

13.10.07
Montmartre

12.10.07
Petit palais
Nossa primeira visita aos museus de Paris, depois de perambular pelos corredores universitários, abrir conta de banco, descobrir lugares razoáveis onde fazer compras (isso inclui a indicada loja de comida congelada Picard), e onde almoçar (por vezes, onde não almoçar), enfim: foi ao Museu do Petit Palais, próximo ao Louvre.
Estivemos lá por não mais de 2 horas, as pernas cansadas de tantas caminhadas. Meio museu, diga-se assim. Percorremos um pouco da
parte de artes decorativas, de arte naturalista, das coleções de arte grega e romana. Para outro passeio, deixamos a coleção de arte cristã ocidental e oriental. Em meio à disposição solene das salas e das obras, entretanto, foram colocadas peças de arte contemporânea mantendo o espírito de diálogo do museu. A que está ao lado esquerdo, de Shelagh Keeley (não exatamente essa, mas uma outra chamada L'herbier), deixava-se dialogar, por vezes, com outras obras, como La Femme au singe do escultor Camille Alaphilippe. Em meio as escadas em caracol, descia um mergulhador cercado por embalagens de plástico, de Samuel Rousseau. Do mesmo modo, junto às telas realistas, Les ingénieurs de Xavier Veilhan possibilitava um olhar diferente. A informação completa da "intervenção" está no site da prefeitura de paris. Segue o link direto.


10.10.07
Contradições da vida
Será compatível comer um Kebab em Paris e sacar, antes disso, um gel antiséptico do bolso para as mãos, sabendo que o senhor que o serviu manuseia livremente suas moedas durante a preparação? E lembrando-se de que se trata, afinal, de um Kebab (foto acima)? Foi o que presenciamos hoje na Pont Saint Michel. Com isso, uma homenagem a nosso amigo, atualmente enigmático, Leo Couto. A ele se juntou recentemente, ademais, nessa blogsfera sempre um pouco jocosa, outro amigo, Gustavo Conde, ótimo piadista.
9.10.07
Pascal Quignard
Hoje estivemos na Fnac Montparnasse, agora às 17h, para acompanhar o lançamento do novo livro de Pascal Quignard, intitulado La Nuit sexuelle. Nada demais, nem de menos. Perguntas buscando discutir sempre coisas gerais: o erotismo, a psicanálise, a imagem. Mas uma presença simpática desse autor do belo livro Leçon de musique, que compõe, assim como Tous les matins du monde, o roteiro do filme Todas as manhãs do mundo, e que nos autografou uma edição de Les Ombres errantes.
Sonho de consumo
"A maioria dos cheiros é apenas temporariamente desagradável, mas outros podem ser tão fortes e duradouros a ponto de tornarem uma casa, um prédio ou um carro inabitável até que sejam removidos. Não há necessidade de "viver assim" até que o cheiro, eventualmente, vá embora, quando WET pode remover esse cheiro para você." O site já está indicado no link. Só não sei se será possível passar pelos seguranças, que atualmente insistem em pedir a carteirinha na entrada da Sorbonne, e ir ao banheiro acompanhado por uma Thermal Fogger. Em tempo, há modelos mais discretos...
8.10.07
Et voilà!
Voilà! Paciência é tudo nessa vida. Pablo, merecidamente, com sua carteira de professor-pesquisador da MSH tem acesso a todas as bibliotecas francesas. Já não é muito bem o meu caso, que tentei entrar na Bibliothèque de l'UFR d'Études Ibériques "Marcel Bataillon" do Institut d'Études Ibériques e não consegui nada. Na Bibliothèque de Littérature Générale et Comparée da Sorbonne (no fundo, à esquerda da foto acima, no segundo andar, escada C) foram mais simpáticos: a cada visita eu faria um "laissez passez", o que, convenhamos, não é nem prático nem muito convidativo. Mas hoje, nesses passeios internáuticos, descobri que o acesso à Bibliothèque Centrale do Centre Censier (140 mil volumes!) é aberta à consulta no local: pronto! um monte de livros da minha área de pesquisa e um lugar quentinho para trabalhar! Em tempo, ontem preenchi um formulário que solicita entrevista com bibliotecário da Bibliothèque National francesa. Perguntam tudo o que têm direito, inclusive o que você quer consultar. Aí decidem sua vida. Vale a pena tentar (e pagar), o catálogo da BNF é fantástico.
7.10.07
Parc Monceau
Em tempo, ontem tentamos conhecer o Parc Monceau, o "jardim mais aristocrático de Paris", como indica de forma imprecisa um de nossos guias, um "jardim à inglesa", como diz outro. Perdidos todavia com relação às direções da avenida Malesherbes, chegamos à Madeleine, a umas boas quadras de distância do parque. Hoje, com planejamento prévio, pudemos caminhar por lá no meio da tarde, em meio às crianças e idosos, por vezes juntos, e voltar a tempo de trabalhar um pouco. A imagem acima é de Claude Monet.
Nuit Blanche e furor do Rugby
A proposta da noite do dia 6 para o dia 7 de outubro, das 19 às 7 da manhã, era visitar a Paris noturna animada por instalações de arte contemporânea, sobretudo em torno da linha 14 do metrô, que funcionou ininterruptamente. O evento é conhecido como Nuit Blanche. Começamos pela Casa de Victor Hugo, na place des Vosges, o que de saída nos pareceu o mais inusitado: tudo às escuras, com projeções de luz que convidavam a um olhar... estranho. Tudo teria continuado sob o espírito meio arte contemporânea, meio parque de diversão se não fosse a semifinal do Rugby, com vitória da França contra a Nova Zelândia. Um furor: jovens loucos, felizes e paradoxalmente raivosos. Voltamos mais cedo para casa (bem antes das 7 da manhã) porque os pés já não agüentavam a nova rotina de vários kilómetros por dia.
6.10.07
O israelense algemado e a mala voadora

5.10.07
Metrô

4.10.07
Quatro poetas
Não encontrei nada na internet, a não ser esta pequena rubrica no site da BNF, sobre o encontro que haverá nos dias 17 e 18 de outubro próximos na Bibliothèque National de France e na Sorbonne. Trata-se de um colóquio consagrados aos poetas Yves Bonnefoy, Michel Deguy, Kalász Márton e Wulf Kirsten, organizado pelo simpático Stéphane Michaud, dentre outros. Começa no dia 17 ao longo de todo o dia no Petit auditorium da BNF (petit de 300 lugares). Prossegue no dia seguinte na Salle Bourjac da Sorbonne, a partir das 10 da manhã. No mesmo dia, aliás, na Saint Sulpice, haverá gratuitamente a execução da 9a sinfonia de Beethoven às 21 horas. (Em tempo, aqui escreve-se com o barulho não desagradável das crianças no Jardin Villemin, até o fim da tarde.)
3.10.07
Esperado, inesperado

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